Antes de iniciar a exploração das actividades realizadas, gostaria de reflectir sobre este modelo de e-portefólio. Nunca tinha realizado um portefólio digital, nem mesmo tinha usado o portefólio como recurso didáctico, quer como formando, quer como formador, o que me dificultou inicialmente a compreensão do que me era solicitado. Por outro lado, a vasta audiência leva-nos sempre a uma maior reflexão do que pretendemos expor e, de forma a não ficar condicionado pelo número ou particularidade da “plateia”, optei por não colocar qualquer tipo de contador de visitas. Foi pena não ter recebido qualquer comentário, o que de certeza poderia melhorar a dinâmica desta reflexão. Por outro lado, foi menos proveitoso não ter atempadamente compreendido que tínhamos de criar este blog logo no ínicio do ano lectivo, o que condicionou em muito as reflexões correspondentes às primeiras actividades. Mas gostei bastante desta experiência e estou a ponderar utilizar esta metodologia no próximo ano lectivo com os meus formandos, já que me parece uma forma de ajudar estes a melhor reflectir sobre as actividades realizadas, ajudando também o formador a compreender melhor as facilidades e dificuldades dos seus formandos ao longo do processo.
Quanto ao conteúdo, aquilo que foi trabalhado nesta unidade curricular parece-me deveras importante para todos aqueles que pretendem criar, avaliar, estudar e aplicar recursos multimédia na educação, já que uma grande maioria dos nossos estudantes ou são adolescentes ou são pais de adolescentes (no caso, por exemplo, dos cursos novas oportunidades ou EFA). É cada vez mais notório que os recursos tecnológicos são parte integrante da vida dos adolescentes (apesar das críticas apresentadas por Bennett e outros autores). Estas tecnologias têm alterado a forma como os jovens se comportam, comunicam, pensam e, até segundo alguns, têm mesmo alterado a forma como neurologicamente se activam as sinapses no cérebro (ver por exemplo: Do They Really Think Differently? – Marc Prensky). Faz por isso, todo o sentido utilizarmos cada vez mais, as tecnologias na educação, já que estas fazem, quase desde a nascença, parte integrante da vida destes jovens – Nativos Digitais. O problema coloca-se em saber como é que estes Nativos Digitais podem ser “aprendizes” de Imigrantes Digitais (ou até de analógicos, tal como preconiza Pip Coburn)? É por esse motivo, fundamental que os educadores (não só professores, mas também pais e outros encarregados de educação) tenham noção de como os adolescentes constroem a sua identidade social, assim como, compreendam a influência que os media digitais podem ter nesta construção. Se queremos que a grande maioria dos jovens voltem a ter interesse e motivação pela escola, temos de aproximar cada vez mais a escola destes e, por isso, temos de encurtar o distanciamento que actualmente existe entre o sistema de ensino e as vivências que os jovens têm nos media digitais. Mas não basta possibilitar o uso de novas tecnologias na escola, é necessário criar novos paradigmas educativos que tenham por base as novas experiências e vivências dos Nativos Digitais (e temos que ter em mente toda a investigação sobre esta temática e não só parte dela). Por isso, é fundamental promover competências de uso flexível e crítico das TIC nos educadores, sem nunca descorar a importância da segurança na net. As várias funcionalidades dos telemóveis (fotografias, gravador áudio, gravador vídeo, sms, …), as redes sociais, os programas de envio de mensagens instantâneas, os videojogos, entre outros, são recursos usados diariamente pelos adolescentes, que podem e devem ser cada vez mais aproveitados no ensino. Uma melhor compreensão de como estes usam os recursos, só poderá ser benéfica para se criar futuramente melhores estratégias de intervenção pedagógica. Claro que como afirmam Bennett, Maton e Kervin não é por se popularizar o uso diário de algo, que esse “algo” passa directamente a ser benéfico para usar no processo de ensino aprendizagem. É por isso, fundamental aprofundar a investigação em projectos educativos que utilizem essas ferramentas.
Esta unidade curricular ajudou-me a compreender melhor a influência que os estudos antropológicos (como por exemplo, os realizados por danah boyd) que pretendem compreender melhor o modo como os jovens comunicam e criam a sua identidade através dos media, podem ser cruciais na criação de novas formas de intervenção junto deste público-alvo. Apesar de no início desta unidade curricular, já ter alguma noção sobre a distinção entre os Nativos e Imigrantes Digitais (por conhecer já parte da obra de Marc Prensky), acho que passei a ter mais conhecimentos sobre esta temática.
Aquilo que considero ter sido menos proveitoso nesta uc, tal como já afirmei anteriormente, foi o facto de não se ter abordado outras teorias da psicologia sobre o desenvolvimento da identidade adolesceste, para além da teoria proposta por Erickson.
Ainda nesta unidade curricular, realizei uma outra actividade que não cheguei a descrever neste blog: a criação em conjunto de um glossário sobre cultura digital. Nessa actividade, coube-me a mim a responsabilidade de pesquisar os seguintes termos: Video Mash-up, Video-Sharing Services e Virtual Products. A pesquisa sobre estes termos foi bastante benéfica para que eu pudesse desenvolver novos conhecimentos, nomeadamente sobre a diferença de legislação aplicável nos Estados Unidos e em Portugal no uso de vídeos para objectivos educativos, assim como, a diferença entre as noções de Virtual Products e Virtual Goods. Aproveito este momento para fazer a seguinte proposta: seria mais benéfico se este glossário fosse criado numa plataforma de acesso aberto, de forma a que pudesse, por um lado, em cada ano lectivo, cada turma ir completando com novos termos de forma mais dinâmica e interactiva e, por outro lado, ser possível a qualquer pessoa consultar esse recurso.
Por último, gostaria de referir que em geral considero que esta uc é muito importante para este Mestrado, já que promove uma reflexão sobre a forma como os jovens actuais se relacionam no mundo digital. Sem estas noções, estaríamos menos aptos para conceber, aplicar e/ou avaliar a utilização de recursos educacionais multimédia.