sexta-feira, 16 de julho de 2010

O último Post

Parece que chegou a data prevista para o final deste Blog, a data correspondente à entrega do nosso e-portefólio. Vou tentar aqui fazer uma síntese final de todo o trabalho realizado ao longo deste semestre na unidade curricular de “MEDIA DIGITAIS E SOCIALIZ@ÇÃO”.
Antes de iniciar a exploração das actividades realizadas, gostaria de reflectir sobre este modelo de e-portefólio. Nunca tinha realizado um portefólio digital, nem mesmo tinha usado o portefólio como recurso didáctico, quer como formando, quer como formador, o que me dificultou inicialmente a compreensão do que me era solicitado. Por outro lado, a vasta audiência leva-nos sempre a uma maior reflexão do que pretendemos expor e, de forma a não ficar condicionado pelo número ou particularidade da “plateia”, optei por não colocar qualquer tipo de contador de visitas. Foi pena não ter recebido qualquer comentário, o que de certeza poderia melhorar a dinâmica desta reflexão. Por outro lado, foi menos proveitoso não ter atempadamente compreendido que tínhamos de criar este blog logo no ínicio do ano lectivo, o que condicionou em muito as reflexões correspondentes às primeiras actividades. Mas gostei bastante desta experiência e estou a ponderar utilizar esta metodologia no próximo ano lectivo com os meus formandos, já que me parece uma forma de ajudar estes a melhor reflectir sobre as actividades realizadas, ajudando também o formador a compreender melhor as facilidades e dificuldades dos seus formandos ao longo do processo.

Quanto ao conteúdo, aquilo que foi trabalhado nesta unidade curricular parece-me deveras importante para todos aqueles que pretendem criar, avaliar, estudar e aplicar recursos multimédia na educação, já que uma grande maioria dos nossos estudantes ou são adolescentes ou são pais de adolescentes (no caso, por exemplo, dos cursos novas oportunidades ou EFA). É cada vez mais notório que os recursos tecnológicos são parte integrante da vida dos adolescentes (apesar das críticas apresentadas por Bennett e outros autores). Estas tecnologias têm alterado a forma como os jovens se comportam, comunicam, pensam e, até segundo alguns, têm mesmo alterado a forma como neurologicamente se activam as sinapses no cérebro (ver por exemplo: Do They Really Think Differently? – Marc Prensky). Faz por isso, todo o sentido utilizarmos cada vez mais, as tecnologias na educação, já que estas fazem, quase desde a nascença, parte integrante da vida destes jovens – Nativos Digitais. O problema coloca-se em saber como é que estes Nativos Digitais podem ser “aprendizes” de Imigrantes Digitais (ou até de analógicos, tal como preconiza Pip Coburn)? É por esse motivo, fundamental que os educadores (não só professores, mas também pais e outros encarregados de educação) tenham noção de como os adolescentes constroem a sua identidade social, assim como, compreendam a influência que os media digitais podem ter nesta construção. Se queremos que a grande maioria dos jovens voltem a ter interesse e motivação pela escola, temos de aproximar cada vez mais a escola destes e, por isso, temos de encurtar o distanciamento que actualmente existe entre o sistema de ensino e as vivências que os jovens têm nos media digitais. Mas não basta possibilitar o uso de novas tecnologias na escola, é necessário criar novos paradigmas educativos que tenham por base as novas experiências e vivências dos Nativos Digitais (e temos que ter em mente toda a investigação sobre esta temática e não só parte dela). Por isso, é fundamental promover competências de uso flexível e crítico das TIC nos educadores, sem nunca descorar a importância da segurança na net. As várias funcionalidades dos telemóveis (fotografias, gravador áudio, gravador vídeo, sms, …), as redes sociais, os programas de envio de mensagens instantâneas, os videojogos, entre outros, são recursos usados diariamente pelos adolescentes, que podem e devem ser cada vez mais aproveitados no ensino. Uma melhor compreensão de como estes usam os recursos, só poderá ser benéfica para se criar futuramente melhores estratégias de intervenção pedagógica. Claro que como afirmam Bennett, Maton e Kervin não é por se popularizar o uso diário de algo, que esse “algo” passa directamente a ser benéfico para usar no processo de ensino aprendizagem. É por isso, fundamental aprofundar a investigação em projectos educativos que utilizem essas ferramentas.

Esta unidade curricular ajudou-me a compreender melhor a influência que os estudos antropológicos (como por exemplo, os realizados por danah boyd) que pretendem compreender melhor o modo como os jovens comunicam e criam a sua identidade através dos media, podem ser cruciais na criação de novas formas de intervenção junto deste público-alvo. Apesar de no início desta unidade curricular, já ter alguma noção sobre a distinção entre os Nativos e Imigrantes Digitais (por conhecer já parte da obra de Marc Prensky), acho que passei a ter mais conhecimentos sobre esta temática.
Aquilo que considero ter sido menos proveitoso nesta uc, tal como já afirmei anteriormente, foi o facto de não se ter abordado outras teorias da psicologia sobre o desenvolvimento da identidade adolesceste, para além da teoria proposta por Erickson.

Ainda nesta unidade curricular, realizei uma outra actividade que não cheguei a descrever neste blog: a criação em conjunto de um glossário sobre cultura digital. Nessa actividade, coube-me a mim a responsabilidade de pesquisar os seguintes termos: Video Mash-up, Video-Sharing Services e Virtual Products. A pesquisa sobre estes termos foi bastante benéfica para que eu pudesse desenvolver novos conhecimentos, nomeadamente sobre a diferença de legislação aplicável nos Estados Unidos e em Portugal no uso de vídeos para objectivos educativos, assim como, a diferença entre as noções de Virtual Products e Virtual Goods. Aproveito este momento para fazer a seguinte proposta: seria mais benéfico se este glossário fosse criado numa plataforma de acesso aberto, de forma a que pudesse, por um lado, em cada ano lectivo, cada turma ir completando com novos termos de forma mais dinâmica e interactiva e, por outro lado, ser possível a qualquer pessoa consultar esse recurso.

Por último, gostaria de referir que em geral considero que esta uc é muito importante para este Mestrado, já que promove uma reflexão sobre a forma como os jovens actuais se relacionam no mundo digital. Sem estas noções, estaríamos menos aptos para conceber, aplicar e/ou avaliar a utilização de recursos educacionais multimédia.

A noção de geração de Nativos Digitais será um mito?

Nem todos os investigadores concordam com a noção de que toda uma nova geração tem mais proficiência no uso das novas tecnologias. Um desses investigadores é Sue Bennett da Universidade de Wollongong, na Austrália. Para esta autora, existem realmente diferenças entre as gerações, mas isso não é expressivo ao ponto de considerar que uma geração é especialista no uso dos média, contrariamente às gerações anteriores. “As diferenças dentro dessa geração são tão grandes quanto o que os distinguiria da geração dos mais velhos.”
Segundo uma entrevista realizada pela Revista brasileira Época, para Bennett não é verdade que todos os jovens tenham uma intimidade inata com as tecnologias digitais e a noção de Nativo Digital é um mito que ajudou algumas pessoas a tornarem-se famosas: “É algo que soa bem. Vem de acordo com nosso senso comum, embora ninguém tenha investigado de verdade.”
Estas críticas feitas por esta investigadora, são bem reportadas num artigo que esta escreveu em 2008, juntamente com Karl Maton and Lisa Kervin, intitulado "The ‘digital natives’ debate: A critical review of the evidence".

Segundo estes investigadores não se pode falar de uma generalização de uma geração que utiliza de forma unânime a internet. Parece existir evidências de que a familiaridade com as novas tecnologias depende em muito do status sócio-económico (factor que verificamos nas entrevistas que realizamos, na Actividade 4 desta uc), do background cultural e étnico, do género e em que áreas do saber o sujeito se tem especializado. Apesar de considerarem que existem alguns jovens com grandes apetências e competências para o uso das novas tecnologias, parece subsistirem muitos com aptidões e níveis de utilização que não permitem considerar a ideia de uma geração de nativos digitais.
Por outro lado, estes autores criticam o facto de se considerar que esta geração aprende de forma diferente, porque é capaz de realizar tarefas múltiplas. Encaram que, já em gerações anteriores, havia jovens capazes de executar várias tarefas em simultâneo, como por exemplo, fazer o TPC e ver TV. Por outro lado, se nos formos centrar na investigação cognitiva existente, a recepção de diferentes estímulos em competição provoca uma diminuição da concentração, o que não pode ser considerado um factor positivo para o processo educativo. Estes autores, chamam também a atenção para o facto de que não é por se popularizar o uso diário de algo, que esse “algo” passa directamente a ser benéfico para usar no processo educativo.
Para estes autores, deve-se ter cuidado quando se tenta evidenciar que é fulcral alterar os estilos de ensino, tendo em consideração as alterações desta nova geração de nativos digitais. Até porque, é consensual na área das ciências da educação que o processo de ensino-aprendizagem será mais vantajoso se se tiver em consideração os diferentes estilos de aprendizagem e não aqueles que se imagina serem unânimes a toda uma geração.

Para Bennett, Maton e Kervin a ideia de uma nova geração de nativos digitais, não passa de um “pânico moral”. Consideram que antes de se efectuar alterações radicais na escola e no sistema de ensino, é necessário esperar por investigações verdadeiramente fundamentadas que prevêem a necessidade destas modificações.

Penso que este artigo ajuda-nos a ter uma visão mais crítica sobre esta ideia de se ter de rapidamente alterar radicalmente os modelos de ensino actuais, que segundo Prensky e outros autores defensores de uma nova geração completamente díspar das anteriores, tem de se adaptar a estes novos Nativos Digitais. Considero que, apesar de ser apologista do uso das TIC no ensino, devemos analisar com maior cuidado toda a investigação que se realize sobre estas temáticas, para não cairmos no erro de sermos influenciados por só um dos lados.
Até porque, todos nós formadores e docentes temos, pessoalmente, a noção de que, pelo menos em Portugal, não há ainda uma real geração de Nativos Digitais. Só o telemóvel parece ser um objecto de domínio quase unânime entre as novas gerações. Os nossos formandos e alunos, não dominam as TIC, tal como preconiza Prensky e, tal como verificamos nas entrevistas, a utilização e domínio das competências TIC varia muito de jovem para jovem. Se Prensky estiver correcto, penso que a real geração de Nativos Digitais em Portugal, ainda se encontra a frequentar os primeiros anos do Ensino Básico.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Microsoft anuncia ligação entre Outlook e Facebook – mas afinal não diziam que o Email tinha os dias contados?

A Microsoft anunciou anteontem (dia 13 de Julho) um novo aplicativo em que passa a ser possível a ligação entre Outlook e a rede social Facebook.
Segundo a Microsoft "Podem a partir de agora ver a vossa rede social ao mesmo tempo que vêem o vosso correio, para se manterem em contacto com os vossos amigos, família e colegas". Parece que existe interesse em continuar a apostar no Email. Afinal as previsões de Sheryl Sandberg deixam de fazer sentido, a partir do momento em que um bom negócio contradiz essas previsões.
Por estas e outras razões, volto novamente a afirmar: “…o e-mail vai ser cada vez mais imerso dentro das funcionalidades das redes sociais, chegando a um ponto que dificilmente o vamos conhecer, tal como o conhecemos hoje.”

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Será que o e-mail tem os dias contados?

Sheryl Sandberg, directora executiva do Facebook, veio declarar que os jovens preferem as redes sociais e as SMS para comunicar e que apenas uma pequena parte continua a usar serviços de email. Segundo um estudo citado por Sandberg (que eu ainda não descobri qual é) apenas 11% dos adolescentes utilizam diariamente o email.

Obviamente que ocupando o cargo que ocupa Sandberg, esta apresentação é publicitária e, até certo ponto, demagógica. Mas será que não tem algo de verdade?

Nas entrevistas que realizamos nesta uc, não nos lembramos de considerar este ponto (fica a chamada de atenção para trabalhos futuros), mas quando observamos diariamente o comportamento dos Nativos Digitais, estas afirmações parecem ter algum sentido. Cada vez observamos menos adolescentes a usar o e-mail, utilizando cada vez mais os SMS, as MI e as redes sócias.
Pessoalmente considero que o e-mail vai ser cada vez mais imerso dentro das funcionalidades das redes sociais, chegando a um ponto que dificilmente o vamos conhecer, tal como o conhecemos hoje. Claro que isto são apenas especulações, mas encaro que devemos dar ouvidos a Sandberg, quando esta profere que se queremos saber o que vamos fazer no futuro, o melhor é vermos o que os adolescentes estão a fazer na actualidade.


Fonte:Tek.Sapo

quarta-feira, 7 de julho de 2010

O meu iPod e o iPod dos meus filhos têm muitas canções em comum

Don Tapscott lançou, em 1997, o livro “Growing Up Digital - The Rise of the Net Generation”. Tendo por base um projecto de investigação milionário, voltou ao tema e publicou, em 2008, “Grown Up Digital: How the Net Generation is Changing Your World”.
Segundo este autor: “Há muitas pessoas que não vão conseguir o emprego dos seus sonhos porque alguém os pesquisou e os viu bêbados [numa foto] no Facebook, ou a dizer algo que não deviam.Cada um de nós está a criar uma versão virtual de si próprio. E este eu virtual sabe mais sobre nós do que nós próprios, porque nós não nos lembramos do que dissemos há anos. Isto cria uma situação em que a informação pode ser usada contra a pessoa, nomeadamente pelo Estado. Nós não temos problemas, porque temos governos democráticos. Mas ainda sou do tempo em que não havia um governo democrático em Portugal”


Mas, “A minha pesquisa diz-me que os jovens estão a disponibilizar mais informações do que os mais velhos. Mas um estudo recente do PEW [um centro de investigação e think tank americano] disse que os jovens tinham mais conhecimento sobre os problemas da privacidade do que os mais velhos. Simplesmente porque cresceram a fazer isto.

Nos anos 1960 havia um fosso geracional. Havia grandes diferenças entre os estilos de vida, valores, música e ideias dos filhos e dos pais. Mas nós entrevistámos 11 mil jovens em dez países e hoje em dia os pais e os filhos dão-se bem. Quando se pergunta a um adolescente quem é o seu herói, mais de metade escolhe um dos pais. Nos anos 60 seria o John Lennon ou o Che Guevara. O meu iPod e o iPod dos meus filhos têm muitas canções em comum. Já os meus pais nem sequer gostavam dos Beatles. Mas há potencial para um conflito de gerações. Há potencial para que uma geração expluda de uma forma que fará com que os anos 60 pareçam um piquenique. Já é possível ver isso em alguns países, como o Irão [um dos países mais jovens do mundo, onde mais de dois terços da população tem menos de 30 anos].”

Ver entrevista no >Público online

domingo, 4 de julho de 2010

Revolução da demografia digital

FreedomLab Future Studies é um laboratório de investigação e de criação de ideias. Através de uma metodologia própria: “Scenario Based Reasoning (SBR)”, tentam apoiar organizações através da criação de uma visão alternativa e de estratégias criativas sobre as futuras mudanças sociais.
Um dos seus especialistas colaboradores, Pip Coburn, CEO da
Coburn Ventures, considera que a população mundial ainda é constituida por uma minoria de Nativos Digitais e Imigrantes Digitais, sendo uma grande maioria - Analógicos. Mas, segundo este consultor de tecnologia, os Imigrantes e os Nativos estão mais preparados para ultrapassar as "crises". Para Coburn, nos próximos anos haverá uma incrível migração dos analógicos para o digital, para um mundo com mais comunicação, mais rápido, com mais mobilidade, mais dependente da imagem e do vídeo.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ainda sobre a Segurança.

Também no dia 24 deste mês, Danah Boyd, colocou à disposição do público em geral, um primeiro rascunho de “Risky Behaviors and Online Safety: A 2010 Literature Review”, onde são actualizados os dados propostos na revisão realizada em 2008.
Como se pode ver neste vídeo, para esta autora, mais do que se observar os dados estatísticos, é necessário ter em consideração a forma como se interpreta estes dados:



Seis em cada dez menores dizem ter tido más experiências online


A Symatec (empresa que comercializa o Norton AntiVirus), apresentou no dia 24 deste mês, em Lisboa, os resultados de um estudo que teve como população-alvo 2800 menores entre os 8 e os 17 anos e 7000 adultos (1700 dos quais pais de menores). Estes inquéritos foram realizados em 14 países dos cinco continentes, não sendo incluído Portugal. Este estudo, verificou que 72% das crianças e jovens inquiridos dizem ter tido uma experiência negativa online, como exposição a nudez ou tentativas de contacto por parte de estranhos. Das experiências negativas referidas, a mais comum foi a tentativa de contacto por parte de estranhos em redes sociais – o que aconteceu a 41% das crianças e jovens. 20% das crianças e jovens afirmam que os pais “não têm ideia” daquilo que elas fazem online, apenas 5% dos pais admitem ser este o caso e 40% dizem saber sempre aquilo que os filhos estão a fazer.
Estes resultados não parecem diferenciar-se muito, de outros estudos já existentes. É curioso, que nos resultados obtidos pelos vários grupos na realização do trabalho “Entrevista a Jovens sobre a Utilização Social dos Media Digitais” nesta uc, os jovens não admitem ter tido este tipo de experiências negativas, apesar de admitirem que os seus pais, em geral não sabem o que eles fazem na net, porque consideram que faz parte da sua privacidade. Parece assim, que os jovens, quando não se encontram em situação de anonimato, têm algumas dificuldades em admitir, perante os adultos, os riscos que correm. Por isso, considero que todos os programas que tentam promover uma melhor consciencialização sobre os perigos e benefícios no uso da net, tendo como população-alvo, quer as crianças e jovens, quer os pais e outros educadores, é fundamental. Para, Tito de Morais, responsável pelo projecto MiudosSegurosNa.Net, os pais podem usar as ferramentas online – como as redes sociais – para diagnosticarem problemas dos filhos. Mas sublinhou ser importante que se saibam comportar nestes espaços – escrever um comentário na página de Facebook do filho, mesmo que pareça inócuo para os pais, pode ser embaraçoso para o jovem, exemplificou.Parece por isso, existir um grande trabalho pela frente, na consciencialização e promoção de competências de literacia digital (de que faz obviamente parte a segurança no uso da internet) nos pais dos nativos digitais.

O sites Seguranet.pt e MiudosSegurosNa.Net são sempre dois bons exemplos de suporte para pais, educadores e até para os próprios jovens.


Fonte: Público Online de 24 de Junho de 2010

sábado, 26 de junho de 2010

Actividade 4 - ENTREVISTA A JOVENS SOBRE A UTILIZAÇÃO SOCIAL DOS MEDIA DIGITAIS

Este trabalho teve como objectivo “Identificar as marcas identitárias da adolescência em sites sociais de jovens”. Assim, posso dividir este trabalho em 3 grandes partes:

1- Construção de um guião de entrevista;
2- Realização das entrevistas e um trabalho sobre estas;
3- Debate no fórum sobre os trabalhos realizados.

Quanto à construção de um guião de entrevista, esta foi realizada de forma colaborativa entre todo o grupo turma, usando-se para isso, uma funcionalidade wiki inserida na plataforma Moodle. Esta modalidade foi deveras intressante, principalmente pelo processo, apresar do resultado também ser bastante importante. Porquê o processo? Porque, na minha opinião, o processo fez-me reflectir sobre as dificuldades de construir algo de forma colaborativa com um número elevado de elementos (cerca de 20). Como se trata de um projecto realizado em conjunto, todos têm opiniões diferentes, todos colocam novas informações. Isso levou a que no fim tivéssemos uma enormidade de questões, e claro, como somos todos adultos educados, ninguém tinha coragem de apagar as questões escritas pelos colegas. Depois da realização deste questionário colaborativo, penso que o trabalho colaborativo em rede, funciona melhor quando existe um mediador que tem o “poder” de sugerir alterações e fazer mesmo modificações no que foi realizado. Se a professora não tivesse efectuado esse processo, teríamos no final uma entrevista de muitas páginas, operacionalmente impossível de aplicar. Quanto ao resultado, considero que o questionário abrangeu uma multiplicidade de áreas que nos permite compreender melhor como os adolescentes utilizam e se relacionam nos media digitais.

Após a finalização da criação das entrevistas, a turma dividiu-se em vários grupos que realizaram a aplicação das entrevistas a jovens entre 11 e os 17 anos. O nosso grupo optou por entrevistar 3 jovens com diferentes idades e residentes em diferentes regiões do país. Basta carregar na imagem em baixo, para consultar todo o trabalho realizado:


Apesar de termos entrevistado apenas 3 jovens e, por isso, os resultados não serem estatisticamente significativos, este trabalho foi deveras importante, porque nos permitiu conhecer melhor o comportamento dos Nativos Digitais portugueses. É interessante que os resultados obtidos, não diferem muito da maioria do que está descrito na literatura sobre esta temática, onde se destaca, por exemplo, os estudos de danah boyd referidos na Actividade 3 desta uc.
Por último, foram colocados no fórum todos os trabalhos de todos os grupos, sendo possível a cada aluno analisar e debater informações referentes a cada um desses trabalhos.
Trabalhos dos outros grupos que estão disponíveis online:

Grupo Hip-Hop
Grupo Reggae
Grupo Pop
Grupo Heavy Metal


Os debates foram bastante interessantes, focalizaram-se inicialmente em cada um dos trabalhos, mas posteriormente afunilaram para um comentário geral, já que a unanimidade dos alunos concorda que os dados obtidos, nos vários trabalhos, são muito semelhantes.


Quanto a conclusões gerais, parece que todos os jovens usam os media digitais, apesar de uns considerarem os telemóveis mais indispensáveis e outros os computadores. Parece que em Portugal, ainda não é muito comum os adolescentes utilizarem a internet no telemóvel, porque senão este dilema não se colocava. Por outro lado, parece que os jovens usam todos as redes sociais, sendo que os mais jovens estão a optar mais pelo Facebook, contrariamente aos mais velhos que usavam mais frequentemente o Hi5. Tal como já tinha explorado anteriormente, parece que os blogs não são recursos utilizados pelos adolescentes, aqueles que já os usaram, apenas os criaram como recurso inerente a trabalhos efectuados na escola. Mas a conclusão mais evidente, é que a grande maioria dos jovens consideram que a internet é um local de liberdade e que os pais não têm de saber o que eles fazem diariamente no mundo digital. Também preocupante, é verificar que parecem existir diferenças quanto à supervisão parental dependendo do nível socioeconómico familiar: os pais de famílias mais desfavorecidas são mais negligentes nessa supervisão. Parece por este motivo, crucial a aposta na promoção da literacia digital nos adultos, nomeadamente nos adultos provenientes de classes socioeconómicas menos favorecidas.
Em geral, o debate referente a esta actividade foi muito produtivo. Pessoalmente não senti grande dificuldade na realização destas actividades, pelo contrário, senti bastante motivação em adquirir mais conhecimentos sobre o modo como os jovens usam os meios digitais, de forma a poder futuramente utilizar estes conhecimentos na criação de intervenções pedagógicas mais adequadas às competências e motivações dos nativos digitais. Considero que esta actividade foi bastante pertinente, porque podemos observar na prática, através do resultado das entrevistas realizadas, aquilo que tínhamos explorado nos textos já trabalhados nas outras actividades desta uc.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Entrevista com Danah Boyd


Ter Facebook é tão importante como ter água, electricidade, esgotos, ou a Internet?

“People’s language reflects that people are depending on Facebook just like they depended on the Internet a decade ago.”

Segundo danah boyd, parece que para muita gente a rede social do Facebook já se tornou uma verdadeira necessidade. Parece ser tão importante ter uma conta e acesso ao Facebook, como ter em casa água, electricidade, esgotos, ou a Internet. Neste post, esta autora reflecte sobre as possíveis implicações de se ter de regular as redes sociais como o Facebook.

Mas, será que as redes sociais se estão a tornar realmente uma necessidade?

Facebook is a utility; utilities get regulated

quarta-feira, 12 de maio de 2010

ACTIVIDADE 3- MEDIA DIGITAIS E CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL

Este trabalho foi aquele que até agora mais me motivou nesta unidade curricular e em que senti que adquiri mais conhecimentos.

1ª Parte

Inicialmente, cada grupo teve de trabalhar um texto e nós decidimos escolher o seguinte:

"Why Youth Social Network Sites: The Role of Networked Publics in Teenage Social Life" de danah boyd

Tendo resultado num resumo (para ver basta carregar na imagem)


Este trabalho ajudou-me a compreender melhor a utilização das redes sociais por parte dos adolescentes. Entender a forma como os jovens utilizam as redes sociais, não é uma questão de curiosidade, nem de tentativa de controlar os comportamentos destes, mas é acima de tudo, uma forma de avaliar como se pode potenciar estratégias, para que os educadores consigam convenientemente, não policiar, mas guiar os jovens nesse contexto virtual. Este trabalho permitiu-me tomar consciência sobre a história e a evolução das várias redes sociais. A investigação para este trabalho, permitiu-me também, conhecer os estudos de danah boyd, autora que comecei a seguir com bastante atenção. O único que para mim foi frustrante nesta parte do trabalho, foi não ter encontrado quase nenhuns dados sobre investigações que se tenham debruçado sobre a utilização das redes sociais por parte dos adolescentes portugueses.

2ª Parte

Seguidamente, analisamos os vários resumos criados pelos outros grupos.

Textos que foram resumidos pelos outros grupos:

Stern, S. (2008). Producing Sites, Exploring Identities: Youth Online Authorship. In Youth, Identity, and Digital Media: 95-117.


Yardi, S. (2008). Whispers in the Classroom. In Digital Youth, Inovation, and the Unexpected:
143-164.

Weber, S.; Mitchell, C. (2008). Imaging, Keyboarding, and Posting Identities: Young People and New Media Technologies. In Youth, Identity, and Digital Media: 25-47.

Stald, G. (2008). Mobile Identity: Youth, Identity, and Mobile Communication Media. In Youth, Identity, and Digital Media: 143-164.

Goldman, S.; Booker, A., & McDermott, M. (2008). Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation. In Youth, Identity, and Digital Media: 185-206.


Depois da análise, foram realizados debates no fórum que possibilitaram a troca de ideias e a aquisição de novas informações e conhecimentos. Destaco aqui as avaliações e críticas feitas pelos outros colegas ao nosso resumo. Existe um conjunto de conhecimento que adquiri quer nas participações que fiz no forúm sobre esses resumos, quer das realizadas pelos outros colegas. Destaco aqui só algumas: a noção do que é o backchannel e como se pode utilizar em contexto de sala de aula; o trabalho realizado pelo Global Action Project ; alguns argumentos para me convencer sobre as possíveis potencialidades que os blogs, nomeadamente compreender como os jovens os usam em meio académico; a noção de “absent presence” proposta por Kenneth J.Gergen ; entre muitos outros novos conhecimentos …

O único que posso apontar a esta segunda fase do trabalho, foi o tempo limitado que tivemos para efectuar estes debates no fórum: sobre tão rico material, ficou tanto por dizer.

ACTIVIDADE 2-IDENTIDADE SOCIAL NA ADOLESCÊNCIA

Neste trabalho focalizamo-nos na identificação das características do processo de construção de identidade na adolescência. Para isso, iniciamos o trabalho pela leitura individual e elaboração de uma síntese dos seguintes textos:

Schmitt, K.; Dayanim, S.; & Matthias, S. (2008). Personal Homepage Construction as an Expression of Social Development. In Development Psychology, 44 (2), 496-506.

Seguiu-se um debate, moderado pela professora, no fórum do Moodle. Neste debate, foram levantadas muitas questões sobre o processo de construção da identidade adolescente. Discutimos, sobre o que é a adolescência, quando é que esta inicia e quando termina, qual a importância do grupo de pares e da família, mas também, temas mais recentes como as diferentes noções de vida privada e de segurança no uso da Web (neste caso mais focalizado nos blogs). Saliento uma discussão interessante sobre se será mais agradável viver na era pré ou pós net.
Da análise dos textos e do debate que se seguiu, podemos concluir que os adolescentes têm uma grande ligação com as novas tecnologias, o que leva a que vivam o processo de construção identitária da adolescência em contextos bastante distintos dos vividos pelas gerações anteriores. Mesmo assim, parece que, tal como sempre foi descrito pela literatura da psicologia, estes continuam a viver as alegrias e as angustias típicas desta fase da vida, sendo agora a forma de comunicação (quer por parte emissor, quer do receptor) completamente díspar do que acontecia no período pré massificação da internet.
Pessoalmente, senti alguma dificuldade na realização deste trabalho. Uma dessas dificuldades deveu-se ao facto de já conhecer a obra de Erikson, mas não ser propriamente um adepto desta visão, quase hierárquica, de sequências de estádios de desenvolvimento. Apesar de não ser já uma teoria psicanalítica, Erikson ainda vê o desenvolvimento numa óptica do Self (apesar de ser um self já em contacto com o outro). Pessoalmente, considero que o Self depende mais das práticas discursivas através das quais os sujeitos (neste caso os adolescentes) dão sentido ao seu mundo e aos seus comportamentos, sendo o Self uma construção social.
Outro factor que me dificultou este trabalho, foi um dos textos ser focalizado num recurso, que penso se relacionar pouco com os adolescentes actuais – o blog. Considero que o blog é um recurso de transição entre a Web 1.0 para a Web 2.0, que já pouco significado tem para os actuais Nativos Digitais. Parece-me que as potencialidades das actuais Redes Sociais têm levado a que cada vez menos adolescentes criem blogs.
Apesar destas dificuldades, este trabalho ajudou-me a ter uma nova visão sobre a construção da identidade nos Nativos Digitais, nomeadamente verificar que muitas das teorias clássicas da psicologia do desenvolvimento criadas num contexto pré massificação das TIC, se adaptam (umas melhor do que outras) ao novo mundo digital.
Para mim também foi deveras importante a análise que se fez sobre a nova linguagem - Netspeak. Não posso deixar de destacar o fabuloso vídeo proposto pela colega Luísa, relacionado com esta nova linguagem típica de uso na Net - PROJECTO TORGA EM SMS:

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ACTIVIDADE- 1 NATIVOS DIGITAIS VS IMIGRANTES DIGITAIS

Apesar de já anteriormente ter tido contacto com as definições de Nativos Digitais e Imigrantes Digitais, nomeadamente quando li a obra de Marc Prensky Don `t Bother Me Mom- I´m Learning!” , a leitura dos dois artigos propostos nesta Actividade 1, que por acaso são deste mesmo autor, permitiram-me um melhor conhecimentos das diferentes formas de agir e pensar
destes dois tipos de gerações de utilizadores de tecnologias.

Este trabalho permitiu-me consolidar os conhecimentos que já tinha desta temática, mas mais que isso, permitiu que em pequeno grupo debatêssemos e reflectíssemos sobre como nos avaliamos e nos posicionamos perante esta quase dicotomia de caracterização dos usuários das TIC.


Marc Prensky (2006), coloca a seguinte dúvida:

“… in my view, the single bigges problem facing education today is that digital immigrant parents and teachers, who came from the pré-digital age, are struggling to teach a population that speaks an entirely new language
”.

Para compreendermos melhor o ponto de vista deste autor, podemos seguir, como exemplo, a sua apresentação realizada em 25 de Novembro de 2009, no Encontro Nacional de Informática Educativa, no Chile:



Na minha opinião, tal como na aprendizagem das línguas, existem nativos e imigrantes, mas não basta saber línguas, é necessário saber aplicá-las correctamente. Existem por isso, nativos de uma língua que são iletrados ou não têm capacidade de usar essa língua de forma funcional. Por outro lado, surgem imigrantes, que aprendem essas línguas já tardiamente (utilizando para isso, zonas neurológicas diferentes das utilizadas pelos nativos na sua aprendizagem inicial da língua), mas conseguem dominar essa língua quase na perfeição, chegando mesmo a adquirir algumas das características típicas dos nativos, tornando-se muitas vezes funcionalmente proficientes na utilização dessa língua.

Será que o mesmo não pode ocorrer com os nativos e imigrantes digitais?

Quero com isto dizer, que me parece imperioso que os educadores, sobretudo os docentes, sejam cada vez mais capazes de se tornarem funcionalmente competentes na utilização das TIC, para que possam servir de guia aos seus educandos nativos digitais, de forma a que estes se sintam em segurança e contextualizados nas suas aprendizagens.

Só conhecendo bem as características que diferenciam os nativos dos imigrantes digitais é que podemos vir a ser bons guias no contexto tecnológico.